MOACYR GOMES DA COSTA – CAICÓ (07/06/1927) – NATAL
(05/05/2022)
Nascido em Caicó
, filho de um promotor público, originário de TAIPU -RN e de mãe
natalense. Mudou-se para Natal ainda com 2 meses de idade, devido a
transferência pelo ofício de seu pai. Foi aluno do Atheneu
Norte-Riograndense, começou a trabalhar aos 17 anos; por ser bom datilógrafo e
falar inglês, foi selecionado para trabalhar na Base Aérea de Natal. Em 1946,
muda-se para o Rio de Janeiro . Devido ao trabalho e dificuldades de pagar o
cursinho, só conseguiu ingressar na faculdade 3 anos depois, concluindo o curso
em 1954 na Faculdade Nacional de Arquitetura, da então Universidade do Brasil, atual
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Iniciou seus trabalhos na empresa de
engenharia do tio no Rio de Janeiro, mas cansado de sempre projetar edifícios
de apartamentos, resolveu retornar ao Rio Grande de Norte, com a proposta de
desenvolver mais ideias e explorar a diversidade da arquitetura
O arquiteto Moacyr Gomes da Costa, que
faleceu no dia 5 de maio de 2022 (quinta-feira) Natal vítima de parada
cardíaca, partiu mas deixou o nome marcado na história da cidade. Ele assinou o
projeto do primeiro estádio de grande porte do RN, o João Cláudio de
Vasconcelos Machado (Machadão que no próximo dia 4 de junho faria 50 anos) e,
mais tarde, na comemoração dos 400 anos de fundação de Natal foi o responsável
pelo projeto do pórtico instalado na entrada da cidade. O corpo do caicoense de
94 anos foi enterrado no cemitério Morada da Paz. A Federação
Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) mandou realizar um minuto de silêncio nos
jogos América x Retrô e ABC x Volta Redonda.
Amigos
próximos, acreditam que Moacyr nunca superou a decisão das autoridades
potiguares de derrubarem o Machadão, demolido em 2012 para dar lugar ao projeto
da Arena das Dunas, praça esportiva criada para abrigar a Copa de 2014. O
Arquiteto chegou a encabeçar uma campanha e mostrar um projeto de recuperação
do Machadão, imortalizado pelo comentarista João Saldanha como “o poema
de concreto” devido a beleza das linhas curvas da praça esportiva, mas não conseguiu
o apoio necessário devido às exigências da FIFA.
O
conselheiro do ABC, professor Roberto Cabral, ressalta que junto com o amigo se
foi um pedaço da história de Natal, onde ele também assinou o projeto da
faculdade de odontologia da UFRN.
“Moacyr
Gomes da Costa, nascido em Caicó/RN, em 7 de junho de 1927, homem elegante, um
ser humano da paz, arquiteto renomado, reconhecido nacionalmente. Ele e o
colega Vitor Artese projetaram a obra arquitetônica do mercado público do Rio
de Janeiro, considerada a terceira maior obra do Brasil em volume de
concreto armado. Em 2012 recebeu com tristeza o descaso e destruição da sua
principal obra da arquitetura desportiva, o estádio João Cláudio de Vasconcelos
Machado - MACHADÃO, um dos projetos do “Complexo Desportivo de Lagoa Nova” que
incluía o estádio, o ginásio Humberto Nesi (Machadinho) e a pista de Kart,
todos demolidos. Esse fato acarretou uma tristeza profunda que
instalou-se e perdurou em seu corpo físico e em sua alma até hoje, quando sua
luz apagou na terra e acenderá no céu! Vai em paz nobre amigo, os céus de Natal
estão chorando desde às 10h, em homenagem a sua partida. Você muito orgulhou
seus familiares e amigos com suas obras arquitetônicas e humanitárias! Descanse
em Paz!”.
Com a
cobertura em forma de ondas, o Machadão foi um dos projetos mais famosos do
arquiteto
No ano de
2013, em uma entrevista publicada no jornal do Curso de Arquitetura Pau Brasil,
indagado sobre qual dos projetos realizados para Cidade do Natal considerava
mais importante, Moacyr Gomes surpreendeu ao citar o Pórtico dos Reis Magos.
“Um dos
marcos de Natal é a entrada, o Pórtico dos Reis Magos, também dele participei.
Aliás, eu acho que, como arquitetura, é o melhor que eu fiz em Natal, mais que
o Machadão, por simular uma mensagem histórica, inspirada no nascimento de
Cristo e sua relação com a data de fundação de Natal, com a anunciação dos Reis
Magos ao mundo por via de uma estrela cadente. Pensei que a dinâmica da estrela
e a riqueza das figuras bíblicas, com suas vestes e coroas, darão poderosa
imagem arquitetônica. Juntei o calculista José Pereira, o saudoso Manchinha,
grande escultor, o meu amigo e excelente arquiteto Eudes Galvão e fizemos um
projeto audacioso, com uma estrela abstrata, garatuja meio surrealista, e as
figuras clássicas dos Reis Magos”, destacou.
O
jornalista Rubens Lemos Cunha, defensor fervoroso do Machadão, a ponto de se
recusar a pisar na Arena das Dunas, acredita que "de fato Moacyr Gomes
começou a morrer, a partir do momento em que forças poderosas decretaram o
assassinato do estádio Machadão. Estou profundamente triste com essa partida,
me associo a família na figura do irmão do arquiteto e que também é outro amigo
querido advogado e professor, Carlos Roberto de Miranda Gomes, neste momento de
muita dor e de tristeza. Moacyr partiu dormindo, na suavidade dos traços que
fizeram do Machadão uma saudade concreta!"
Lemos
classifica o arquiteto como uma das personalidades mais brilhantes e
significativas do Rio Grande do Norte.
"Moacyr
Gomes da Costa foi o responsável pela maior obra prima do RN, o estádio João
Cláudio de Vasconcelos Machado. O Machadão foi demolido de forma cruel, para
quatro partidas da Copa do Mundo, cercada de suspeitas. Podemos considerar o
estádio como o filho não carnal que Moacyr Gomes teve, onde ele dedicou todo
seu talento, inteligência e sensibilidade ao construir um estádio em
forma de elipse, como uma onda. Essa arquitetura viria a ser conhecida como o
poema de concreto, por encantar a todos que nele estiveram, torcedores e
jogadores natalenses e também de fora que estiveram aqui para atuar contra a
seleção brasileira. Moacyr faz parte da geração dos homens mais
brilhantes e significativos do estado porque foi capaz de mudar o rumo da
própria história. Seu trabalho está imortalizado em vários projetos importantes
em Natal e outros estados. Ele era um gênio da prancheta!"
MACHADÃO AINDA PODERIA ESTAR DE PÉ
Quando da
escolha de Natal para ser sede a proposta era baseada na construção de um
segundo estádio que sequer seria erguido na vizinha cidade de Parnamirim: o
Estrelão. Essa seria a primeira de muitas faces do projeto da cidade para ser
uma das sedes do Mundial. Reprovado o projeto devido a questão de transportes,
veio a segunda opção, construir no local do antigo Machadão.
Neste
momento surge a primeira discordância. O arquiteto Moacyr Gomes, criador
do projeto do estádio João Machado - “Machadão”, dava a sua primeira
entrevista à Tribuna do Norte, sugerindo a opção pela reforma do estádio de Lagoa
Nova e não a construção de uma nova arena em Natal. Segundo ele, o projeto
dependeria de R$ 80 milhões (com estacionamento para 1.200 veículos), mas com
as exigências da Fifa iria para R$ 100 a R$ 150 milhões (com 6 mil vagas para
veículos e 2 mil ônibus). Ele exemplificou que um estádio novo custaria, como o
Engenhão do Rio de Janeiro, uns R$ 450 milhões. A Arena das Dunas ficou em
torno de R$ 500 milhões.
Apenas 10
dias depois dessa entrevista à Tribuna do Norte, sem aviso, ou debate público,
os responsáveis pelo projeto de Natal na Copa 2014 deram uma guinada de 180º na
ideia de uma novo estádio.
No dia 28
de setembro de 2008 a Tribuna do Norte publicou matéria explicando que técnicos
da antiga Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEL), em parceria com outros
órgãos da esfera estadual da administração pública chegaram a conclusão que
adequar o estádio Machadão seria a melhor opção para convencer a FIFA que Natal
merecia ser sede.
A comissão
chamou o arquiteto Moacyr Gomes que elaborou um esboço de projeto cuja ideia se
baseava no rebaixamento do gramado e avanço das arquibancadas para aumentar a
capacidade expandindo o estádio internamente. “Sai muito mais barato para Natal
preservar o Castelão”, disse à época Gomes.
O
rebaixamento do gramado se daria em cerca de 4m e o estádio teria a
capacidade ampliada para 46.300 lugares. Uma outra intervenção seria realizada
na cobertura, que poderia ser sobre toda a estrutura de arquibancadas, ou
dependendo das verbas, desenvolver uma cobertura completa, transparente,
fechando o teto como um todo, sem atrapalhar a passagem da luz solar. Mas, o
projeto aprovado pela CBF e Fifa e que levou Natal a ser escolhida como uma das
sedes do Mundial de 2014 foi o de um novo estádio: A Arena das Dunas.
FONTE – TRIBUNA DO NORTE E WIKIPÉDIA
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